quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Seminário de Mulheres Negras

I SEMINÁRIO DE MULHERES NEGRAS DO QUILOMBO DEBATE E APROFUNDA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO, RAÇA E CLASSE

O I Seminário de Mulheres Negras do Quilombo Raça e Classe, realizado de 27 a 28 de novembro, no Rio de Janeiro, contou com a participação de 60 pessoas, para além dos cerca de 30 inscritos, vindos dos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Piauí.

No primeiro dia do Seminário, as discussões foram sobre conjuntura na mesa coordenada por Maristela Farias, do Quilombo Raça e Classe, que contou também com as convidadas Natália Russo, da Secretaria de Opressões do Sindipetro/RJ, Samanta Guedes, do Movimento Mulheres em Luta (MML), e Eliana Lacerda, da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas.

As palestrantes denunciaram os ataques que a classe trabalhadora vem sofrendo. Além de criticarem o momento pós eleições que, segundo avaliação feita no encontro, foi construída a partir da utilização da mulher negra como alicerce dos programas assistencialistas demandados pelo Governo Dilma, para assim, garantir seu segundo mandato. Tal feito continuou, especificamente, em novembro, devido ao dia da Consciência Negra e ao dia Latino Americano de Combate à Violência Contra a Mulher.   Foi citada também a importância de as negras do Quilombo Raça e Classe acompanharem a organização da Marcha de Mulheres Negras, que ocorrerá em 2015, e que será precedida pelo Congresso do Pensamento da Mulher Negra, que ocorrerá de 7 a 13 de dezembro do corrente ano, em Salvador.

Na segunda mesa do seminário debateu-se a história de organização e concepção de Mulheres Negras,  que contou com a introdução de Cilda Sales, do Quilombo Raça e Classe/RJ, seguida pelas convidadas Dayse Oliveira, do Quilombo Raça e Classe /RJ, Adriana Martins, da Articulação Brasileira de Mulheres e Carolina Amanda do Coletivo Carolina de Jesus da UFRJ,  e Carla Gonzaga, do Quilombo Raça e Classe/RN, mediadora da mesa.  As convidadas versaram sobre a histórica organização de luta das mulheres negras, que antecede a luta do feminismo, bem como do papel de lideranças que as mulheres negras tiveram em antigas culturas.

O racismo na vida das mulheres negras e a necessidade de auto-organização, tendo em vista que são elas a maioria das mulheres da classe trabalhadora, também foi apontado no Seminário e avaliado como perversos pelas presentes. Segundo as palestrantes, as mulheres negras se encontram nos extratos de trabalhos mais explorados e mais precarizados, e enfrentam mais dificuldades e limitações no acesso aos serviços públicos como saúde e educação, transportes públicos, moradia e empregos dignos.   O último dia do Seminário foi dedicado aos grupos de discussão sobre o papel da luta das mulheres negras frente aos ataques machistas, racistas que a exploração capitalista cada vez mais submete as mulheres negras.

Diversas discussões e intensos debates pontuaram sobre o papel do movimento negro, dirigido historicamente por homens negros, que em última instância reproduzem as relações de opressão machista. Os grupos também discutiram sobre o movimento feminista ou de luta pelas demandas das mulheres, que é organizado e representado por mulheres brancas, e que não assimilam as demandas do racismo como uma ideologia que oprime e discrimina homens e especialmente as mulheres negras.

Na avaliação do Movimento Quilombo Raça e Classe o Seminário avançou na tarefa de debater e aprofundar as discussões sobre a questão de gênero, raça e classe junto das entidades e movimentos filiados à CSP-Conlutas e nos movimentos sociais e estudantil.


Fonte: CSP-Conlutas, com informações do Quilombo Raça e Classe Nacional

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