quinta-feira, 26 de março de 2015

Greve da Educação no Pará

PROFESSORES DO ESTADO DO PARÁ INICIAM GREVE COM ASSEMBLEIA E ATO EM BELÉM (PA)

Greve foi decidida pela categoria semana passada e conta com o apoio de pais e estudantes



Mesmo debaixo de uma forte chuva característica do inverno amazônico, os professores da rede estadual do Pará deram início oficialmente à greve decidida pela categoria na semana passada. Mais de 2.500 trabalhadores da educação participaram da assembleia realizada nesta quarta-feira (25), às 9h, em São Brás, pelo Sindicato dos Professores do Estado do Pará (SINTEPP), que contou também com o apoio de estudantes da rede pública e pais de alunos.

O movimento de paralisação por tempo indeterminado da categoria tem como principal reivindicação a exigência de que o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB) pague o piso salarial dos professores que está atrasado desde janeiro, além da manutenção das aulas suplementares sem redução de salários, eleição direta para diretor e implementação do Plano de Carreira Unificada. Cerca de 80% da categoria, aderiu ao movimento grevista.

A greve começou a ser organizada pela categoria desde segunda-feira (23) quando os professores reuniram-se com estudantes explicando os motivos que os levaram à paralisação. Na terça-feira (24), foi a vez dos pais dos alunos participarem de reuniões nas escolas com a categoria. Na assembleia de quarta-feira (25), estudantes de algumas escolas estaduais como a escola Augusto Meira, umas das maiores de Belém estavam presentes com cartazes em apoio e solidariedade à greve dos professores. Eles chegaram à assembleia cantando: “O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.

Pouco mais de 10h, a categoria saiu em passeata com carro-som, fechando a Avenida Almirante Barroso, principal via de entrada e saída de Belém e se dirigindo até a Secretaria de Administração do estado (SEAD). Durante o ato, os professores receberam o apoio e a solidariedade de diversas pessoas nas ruas, de operários da construção civil que trabalhavam em obras próximas. Gilmar Mendes, diretor, representando o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém, filiado à CSP-Conlutas, esteve presente no ato e falou no carro-som que os operários do setor estão apoiando a greve dos professores.

O pedagogo e especialista em educação, Antônio Diniz, disse em entrevista que a situação da educação pública no Pará é lamentável. Enquanto Jatene cria uma secretaria especial para sua filha, os professores e alunos sofrem com escolas sucateadas, com a falta de merenda escolar, falta de livros didáticos, e outras coisas. Ele denunciou que Jatene quer mexer na jornada dos professores, o que acaba mexendo também com os seus vencimentos. O atraso do pagamento do piso, que deveria ser reajustado em 13,01%, gera revolta e indignação já que governo sinalizou pagar só no fim de abril e não há perspectivas de os professores receberem os retroativos correspondentes a janeiro, fevereiro e março. “A categoria não vai aceitar parcelamento de piso”, disse Antônio.

No meio do ato, a TV Liberal, filiada à Rede Globo, foi expulsa pela categoria por ter chamado em seu jornal, os professores de trapaceiros e mafiosos. Josyanne Quemel, professora que constrói a Oposição Luta Educador, filiado à CSP-Conlutas, disse que quem mente é a Liberal e Jatene, e que a luta dos professores é em defesa da educação pública.

O ato terminou em frente à SEAD, onde a categoria votou uma agenda de lutas para os próximos dias e sua participação em massa, amanhã, no dia 26 de março, dia nacional em defesa da educação pública. A greve começou e começou forte.


Fonte: CSP-Conlutas, com informações de Wellingta Macêdo, direto de Belém do Pará

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